quinta-feira, 16 de junho de 2011

Opinião não pressupõe razão


“Não há nada no mundo que esteja melhor repartido do que a razão: toda a gente está convencida de que à tem de sobra” (René Descartes)

Quantas vezes você já se deparou com alguém dizendo: “devemos respeitar a opinião dos outros.”? Eu mesmo já perdi a conta das vezes em que escutei essa infeliz frase. Por sorte e talvez até por justiça, frases e jargões populares nunca vêm entre aspas e com o nome do autor entre parênteses, não é verdade?! Fato é que as pessoas se convenceram, talvez pelo cansaço, que toda opinião é passível de respeito. Venho dizer, da forma mais explicativa possível, que tal coisa não deve ser levada sob esse aspecto.

Opiniões existem, é claro, e para todos que às possuem elas são verdadeiras, uma vez que uma opinião é o reflexo de um ponto de vista pessoal levado como verdade. Mas o grande problema em relação a isso é o fato de que a maioria das pessoas não se preocupa em analisar se estão de fato corretas. Penso que é deste último raciocínio que parte a injustiça vinda de muitas pessoas. Para muitos um “penso, logo existo” já não é o bastante, portanto dizem “penso, logo estou certo”. Pobre Descartes! Que descanse em paz apesar disso. Desse raciocínio imperdoável é que nasce a intolerância, a violência e o descaso que podem ser encontrados na sociedade de forma ululante. Cada vez mais as pessoas se convencem de que estão certas sem verificarem a metodologia de suas análises do mundo para chegar a tal conclusão.

Os que me conhecem dirão: “lá vem ele com o mesmo discurso alegórico!”, e assumo que bato nessa tecla sempre que possível, mas somente para me tornar o mais claro possível. Mas vamos então à essa famosa alegoria para tornar mais claro todo esse discurso. Quem não diz: “Não posso fazer isso, pois ele(a) é da família e temos que dar um crédito.”? Pois bem, a justiça deve ser aplicada a todos sem exceção, quem não concorda então, por favor, que retire a venda que cobre o rosto de Diké; garanto que ainda assim ela manterá aqueles fechados. Ora, Hitler teve mãe e mesmo assim a mesma não apoiaria as ações do filho e o mesmo pode ser dito de figuras históricas que já causaram danos à sociedade. Infelizmente, a ignorância ou somente o medo de admitir que estamos errados pode ser uma das explicações para essa atitude.

Para cada situação de nossas vidas e da vida alheia todos os aspectos devem ser considerados para que possamos agir de forma justa e imparcial. Imparcialidade e justiça, que grande combinação. Só gostaria que fosse algo mais recorrente não somente no Brasil, mas em qualquer lugar onde o ser dominante possui inteligência suficiente para agir de acordo com tais conceitos. Crie opiniões, mas faça que as mesmas sejam dignas de nota.


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carnaval: a democracia religiosa

Pois vejam só, não é que o Carnaval é uma democracia no dogma religioso! Tendo origem na Grécia e em Roma como uma festa pagã o Carnaval se estendeu até o cristianismo como uma festividade voltada à satisfação dos prazeres da carne, pois o título original do grego “carnis valles” tem por significado “carnis” como carne e “valles” como prazeres, ou seja, dois dias de festividades promíscuas. Ora, isso não é democracia? Liberar as pessoas de seu julgo de adoração a Deus permitindo-lhes optar pela total entrega ao pecado da carne! Democrático ou não as pessoas teriam de se arrepender no período da quaresma, mas no Brasil e acredito que até mesmo em alguns outros países onde a festividade acontece as pessoas não tem nenhum conhecimento da origem da festividade e nem mesmo de seu significado. Prova incontestável disso é o fato do evento ter se modificado aos modelos dos lugares em que ele acontece.

O Carnaval é do povo e o povo o faz como quer; atribuem música específica (o axé e o samba), vestimentas específicas e até mesmo comportamento específico. As pessoas, sem o julgo da igreja, se entregam ao que parece ser a alegria completa. Cidades como Diamantina e Ouro Preto, em Minas Gerais, Salvador, na Bahia, Olinda, em Pernambuco, dentre outras se tornam palco de uma festa que acaba por se tornar desrespeitosa à população, pois durante quase cinco dias turistas invadem as ruas para festejar junto com bandas que tocam até altas horas o som da festividade. Não importa o barulho, não importa o incomodo afinal, é só uma vez no ano, não é mesmo? Todos fecham seus olhos ao que parece um convite ao vandalismo, pois as ruas são completamente sujas e até mesmo destruídas pela passagem dos foliões. Onde a religião ou a cultura se aplicam a essas pessoas? Elas não se aplicam; as pessoas não aproveitam o carnaval pela sua história e cultura e sim pelo fato de dar a elas a oportunidade de agirem de acordo com o que querem fazer sem a vigilância constante das autoridades. O abuso das drogas se torna maior; a proliferação de doenças idem e tudo em nome do apelo da massa que só quer festa e não se preocupa com a preservação do patrimônio histórico e cultural da humanidade que reside em grande parte dos municípios que recebem o evento. 

O que torna o quadro pior é que em grande parte das principais cidades que sediam os carnavais mais populares existe um grande número de estudantes cursando universidades federais que, no geral, adiam as aulas até o final do Carnaval, pois as mesmas antecipam a falta de comprometimento dos alunos que esperam pelo feriado e deixam aqueles que se preocupam mais com o conhecimento privados das aulas. Além disso, os foliões lotam os hospitais com quadros alcoólicos e de overdoses tornando o atendimento a outros pacientes mais lento.

Como se vê, a democracia pode ser feita pela igreja, mas não há a reciprocidade pelos que aproveitam o evento, pelos governos responsáveis pela liberação e até mesmo organização dos eventos e pelas instituições de ensino superior.

Festejem, brinquem, caiam na folia, mas usem a inteligência para fazê-los de forma a beneficiar a todos, respeitando a diversidade de gostos, o bem estar das cidades e também o bem estar pessoal.




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Calor na geleira dos outros é refresco

Já estamos todos muito familiarizados com o tema do aquecimento global. Está no rádio, está na TV, está em todos os veículos a que temos acesso constante, então porque as pessoas ainda não se deram conta da gravidade da situação? Porque continuam consumindo e desperdiçando sem se preocupar com as conseqüências de tais ações?

É fato, nosso planeta está naturalmente fadado a passar por mais uma mudança climática extrema. Aconteceria com ou sem as ações humanas. Ainda assim, deve-se ter consciência de que poderíamos ter atrasado tal acontecimento, que poderíamos ter garantido a nós e aos futuros habitantes deste planeta um tempo a mais para se prepararem para tal evento, mas isso não aconteceu.

As grandes empresas sabem da conseqüência de sua produção exagerada e do seu incentivo ao consumo indiscriminado, mas o que importa a elas é o faturamento, é garantir que tenham conforto mesmo que em conseqüência do desconforto alheio. Já as pessoas aquém dessa realidade capitalista de faturamento exagerado parecem não possuir a capacidade de avaliar o evento como algo real; na verdade muitos julgam o assunto como ficção científica, como se fosse algo distante que não poderia nos afetar, não enquanto ainda vivemos no planeta. A verdade é que muitos de nós testemunharemos os eventos inerentes ao aquecimento global e, se querem mesmo a verdade, já estamos verificando esses eventos. O crescente aumento das chuvas, as altas temperaturas registradas nos termômetros em todo planeta, temperaturas que superam os níveis já registrados, o avanço do nível dos oceanos em escala global; tudo isso é resultado desse tão temido fenômeno, um cenário atual que prenuncia a realidade futura.

As pessoas têm seus filhos e nem ao menos se perguntam se os estão colocando num lugar seguro, onde seu futuro vai ser próspero e feliz, onde não haverá razões para grandes preocupações. As pessoas fazem isso e continuam comprando, jogando fora, enchendo a atmosfera do planeta de gases fundamentais para tal evento e porque o fazem? Porque não sabem do que se trata, não se interessam em descobrir as causas dos males do planeta; porque escolhem ignorar acreditando que nada de ruim está para acontecer.

Sempre prego que as pessoas deveriam abrir mais seus olhos e ouvidos para a opinião e determinações científicas antes de quaisquer outras. Tomem como fato meus amigos, acima de deuses, de destino, de horóscopo, o que pode dar a nós as respostas para questões como esta é o bom uso do nosso conhecimento.
  

domingo, 30 de janeiro de 2011

Cada macaco no seu galho


Rock in Rio 2011. Que evento maravilhoso aos ouvidos dos roqueiros de todo o país! Que grande oportunidade de ver, em um único evento, as maiores bandas de rock’n roll do mundo. Fico emocionado ao pensar na abertura de tamanho evento com Rihanna, Kate Perry, Claudia Leite e Ivete Sangalo! Espere um momento! Está tudo errado!

Mais uma vez estamos sendo vítimas de imposições injustas da sociedade e da mídia. O que não é aceito por completo pela maioria, o que é marginal e não é o centro das preferências não pode permitir um acontecimento tão grande para que somente um estilo seja homenageado.

O evento começou muito bem no ano de 1985 quando apenas artistas do meio do rock e do pop mais estilizado ao rock’n roll (estilo até bem aceito por muitos roqueiros) tocaram. Em sua segunda edição o nome de George Michael já prenunciava a catástrofe musical que estava por vir nas próximas edições. Na terceira realização do evento é que pode ser notado que o mesmo estava fadado à agradar a maioria ao invés de fazer jus ao nome ROCK in Rio. Os roqueiros, na última realização em território nacional, tiveram de aturar grandes nomes do mundo pop americano e, sem nenhuma surpresa, pode-se testemunhar a revolta do público com a chuva de copos durante uma apresentação de Carlinhos Brown.

Não critico outros estilos musicais. Mesmo me afirmando como um roqueiro completo eu respeito os outros estilos, mas temos de convir que, usando a frase popular: "cada macaco no seu galho." O roque é um estilo completamente marginalizado na sociedade brasileira. Percebe-se isso a todo o momento quando observamos milhares de narizes torcidos ao aumentarmos o volume ao som de algumas guitarras distorcidas. O roque tem de aceitar os nomes de outras músicas junto dele, mas o contrário nunca acontece. Nunca vi o Sepultura tocando no carnaval brasileiro; nunca vi o Iron Maiden num trio-elétrico em Salvador, então porque temos de aturar o axé, o pop, o R&B num evento destinado ao público roqueiro?

Para ser franco, o mais franco possível, o evento se tornou um fiasco indiscutível quando contradiz até seu título: Rock como estilo musical a ser apresentado e in Rio como local de realização do evento. Lisboa está além-mar, não é o Rio de Janeiro, muito menos o Brasil e ainda assim recebeu o evento durante três edições. Faça-me o favor, mude o nome do evento para Música Variada em Qualquer Lugar ou voltem o evento ao objetivo inicial que é mostrar o roque para os fãs brasileiros.

Mais difícil ainda deve ser para as pessoas que tiveram a oportunidade de testemunhar um evento como o Woodstock ver o nome do bom rock’n roll ser misturado a estilos que se mantém, não pelo prazer de fazer boa música, nem pela necessidade de se afirmar como um estilo, mas para ganhar dinheiro fácil, manter a fama em primeiro lugar e aparecer em capas de tabloides e revistas sensacionalistas. 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Fiquem à vontade para espiar o zoológico humano

Abram alas, pois está no ar pela décima primeira vez o mais conhecido reallity show do nosso país. Não há como não alfinetar; não há como não detestar; não há como tentar não se importar com tamanha inutilidade em nossas TVs. Ainda assim, ano após ano lá está um apresentador se sujeitando a mostrar o dia-a-dia de pessoas normais se matando por um prêmio significativo em dinheiro. Não critico o prêmio, de maneira alguma, mesmo por que eu sempre jogo na loteria, mas ao fazer isso fico sob o olhar apenas de uma singela câmera de segurança de casa lotérica. Sendo assim, qual então é a diferença entre mim e as pobres almas que se sujeitam à tamanha humilhação? Acho que são várias as respostas para esta pergunta. Deixe-me fazer o seguinte então, citarei, argumentarei e desejarei muito poder provar que estou certo.

O que são os reallity shows como os que vemos no Brasil, além de um zoológico humano? Trancafiar seres humanos numa casa confortável, mas com acontecimentos pra lá de apelativos para tornar o lugar bastante hostil; está aí a receita para o sucesso de tais programas. As pessoas ali buscam fama, dinheiro, oportunidade de trabalho e/ou crescimento profissional. Isso talvez ocorra devido ao fato de que a maioria é jovem, tem pressa de crescer, mas se esquecem completamente do crescimento intelectual. Geralmente o apresentador usa e abusa da poesia, da filosofia, das frases e pensamentos de grandes mentes humanas com participantes que não mostram o menor interesse senão no resultado de provas e do programa. Tudo isso feito para alegria da massa que espera até o último momento pra ver quem suporta mais, quem é bom, quem é mau (infelizmente, nunca quem é inteligente), quem fica e quem sai. Todos ali dentro são como ratos de laboratório, onde se forjam determinadas situações e espera-se dali o comportamento dos pobres ratinhos. Há quem diga que tais programas servem como instrumento para estudos sociais e comportamentais, como um laboratório, uma jaula em forma de casa usada para vender produtos (“estudos científicos” precisam de patrocínio, não é mesmo?) e divertir os que se sujeitam a ligar a TV e assistir à tamanha bobagem. Os telespectadores choram e sofrem junto com eles numa catarse inútil que só serve para alimentar espíritos pobres em conhecimento intelectual, que preferem encher suas cabeças com informações dispensáveis ao invés de abrir um bom livro de um dos autores citado, inutilmente, pelo apresentador.

Meu Brasil! Como desviar a atenção desse lixo televisivo e levá-la ao que realmente é importante? A mim resta apenas ignorar a TV (a não ser quando é hora do noticiário) e abrir um bom livro para que eu me torne sempre mais capaz de criticar e irritar aqueles que se sujeitam a tais monumentos à imbecilidade.

Darwin às avessas?

Sou fascinado pela teoria darwiniana. É incrível como a natureza se comporta e evolui de acordo com sua necessidade. Apesar disto, há ainda algo que me intriga muito em relação à essa teoria. Se analisarmos o quanto os animais e vegetais se modificaram para alcançar uma fisionomia e organismos mais resistente às adversidades do nosso planeta percebemos que sua evolução foi mais bem sucedida do que a ocorrida nos seres humanos.

Não poderia escrever este texto sem dar às minhas opiniões sobre o assunto um título sugestivo o suficiente para atrair a atenção do meu leitor. Por isso apresento agora a vocês o que eu chamo de Paradigma Heike. A elaboração deste título se tornará bem retórica quando eu finalizar este texto, mas devemos nos lembrar do quão importante foram as análises realizadas dos caranguejos heike. Eles são provas incontestáveis da evolução das espécies em nosso planeta. Mas seria a evolução humana equivalente a dos diversos seres de nosso planeta? Devo admitir que em minha opinião isso não é uma verdade. A explicação que eu elaborei para este raciocínio é a de que a própria inteligência humana sabotou os desígnios naturais para que nossa evolução fosse tão bem sucedida quanto a evolução das demais espécies.

Pensemos em como acontece a evolução com os seres viventes da Terra. Quando há algo que os impedem de sobreviver, sua genética é modificada pra dar-lhes os instrumentos necessários para que possam fazê-lo. Vejam as girafas que tiveram seus pescoços alongados, ou répteis aquáticos que possuem finas camadas de pele entre seus dedos para facilitar o nado. Tudo isso aconteceu para que essas espécies pudessem sobreviver mesmo com as dificuldades que poderiam surgir em seu caminho.

Ainda assim, não podemos ignorar, nesse processo evolutivo, algo que Darwin colocou como essencial que é a Seleção Natural. Pra resumir este termo em poucas palavras podemos dizer: a sobrevivência do mais forte. Desta forma, os animais que se adaptaram as adversidades naturais em seu caminho puderam sobreviver sem grandes problemas, já os demais, que não puderam passar por tais adaptações, morreram. Pela falta de inteligência a morte de outros seres de uma mesma espécie não é tão importante para os que sobrevivem, afinal, se eles estão ali podem continuam procriando, mantendo sua espécie viva.

Não é complicado entendermos a evolução se analisarmos os fatos de maneira, até mesmo, simples como acabei de fazer acima. Mas qual a razão dos seres humanos não passarem por processos tão visíveis quanto o das outras espécies? A resposta pode ser a sua própria inteligência. Para que os seres humanos deveriam desenvolver grande quantidade de pêlos se eles são capazes de tecer vestimentas que os protegem do frio? Ou ter grandes garras para caçar se podem construir lanças e outros instrumentos para tal finalidade? Ou ter grandes dentes caninos quando são capazes de tornar seu alimento mais fácil de mastigar e digerir? A evolução intelectual humana parece ter brecado a evolução natural, pois os seres humanos sempre foram capazes de resolver as adversidades em seu caminho de forma quase instantânea. Mas é deste último raciocínio que surge uma questão interessante: onde se aplica a seleção natural nos seres humanos? Uma vez que somos inteligentes, possuímos também uma consciência social que nos impede de permitir que outros de nossa espécie morram. E é aí que até mesmo a evolução intelectual também se estagnou em certo ponto para determinados seres humanos. O homem está sempre em busca de descobrir novas formas de manter sua espécie no planeta, mas os que fazem isso são poucos, assim como também são muito poucos os que se interessam em entender sobre isso. Assim, restam muitos que somente se aproveitam das grandes descobertas e realizações dos mais fortes para sobreviver sem ter de se preocupar em crescer intelectualmente. Quantas pessoas chegam em casa e ligam a TV sem se preocupar em qual o processo estabelecido para que tal aparelho funcione? Muitos tomam medicamentos sem nem se importar em qual foi o estudo realizado para a produção de tais medicamentos. Analisando assim, parece um fato de que a genialidade humana auxiliou para que mantivéssemos vivos os que, pela seleção natural, teriam morrido. Os mais inteligentes trabalham para manter todo o resto vivo.

Não exponho tais opiniões no intuito de gerar uma revolta quanto ao fato, mas se alguém tiver vontade de realizar uma revolução contra isso, por favor, sinta-se à vontade para tal. Se posso entender que animais morreram pelo fato de não se adaptar, não ficaria tão perplexo se o mesmo acontecesse a seres humanos menos desenvolvidos intelectualmente afinal, isso seria apenas Seleção Natural não é mesmo?



A beleza está nos olhos de quem vê e na imagem construída pela TV


Eu poderia escrever este texto enfatizando apenas a massiva sugestão enviada às pessoas pela TV, mas qual seria a graça não é mesmo? Preciso focar aqui a grande pré-disposição humana para aceitar sugestões enviadas aos mesmos por ela e, também, a maneira como esta se aproveita disso para tornar aquilo de que eles dispõem, algo agradável aos olhos, mesmo que esses olhos não consigam enxergar através de reflexões pessoais.

Qual o conceito de beleza senão aquele imposto pelos grandes veículos de mídia? Esta não é uma afirmação falsa se levarmos em consideração o quanto esse conceito foi modificado com o passar dos anos. A maneira como devemos nos vestir, comportar e agir tem sido frequentemente moldado por modelos um tanto quanto dispensáveis. Por causa dessas mudanças os seres humanos estão sempre em busca daquilo que lhes é imposto como beleza, perfeição, tipos ideais para uma satisfação pessoal. Quem nunca se deparou com a sugestão de terceiros para um corte de cabelo baseado no usado por um protagonista de novela? Ou no uso de determinada roupa que se tornou uma mania pela freqüente e sugestiva aparição desta na TV? Eu já fui vítima destas sugestões por inúmeras vezes e não posso negar que elas são, no mínimo, irritantes. Não importa o quão agradável seja sua aparência ou o quão asseado você seja em sua maneira de se vestir, se não há uma tendência a seguir os padrões impostos pela mídia você não será considerado dentro dos padrões aceitáveis.

Em primeiro lugar, deve-se entender que esta questão não é culpa exclusiva da mídia. Ela só impõe e exibe aquilo que se torna consumível pelo seu público. Na verdade devemos primeiramente olhar para as pessoas que se sujeitam a tais sugestões. Você pode ser uma pessoa bonita, bem vestida, mas há algo em você que está em falta para te tornar digno de nota que é estar em evidência; evidência das lentes das câmeras que o farão um novo modelo para os outros.

Toda essa tendência tornou as pessoas ligadas ao que muitas vezes é quase inalcançável. Como competir com o herói bonitão que sempre tem as melhores palavras na ponta da língua? Ou com a protagonista com um rosto perfeito e que tem todas as qualidades necessárias a uma mulher? E como tentar se modificar quando é impossível tentar atingir as expectativas de pessoas que mantêm seus olhos nas direções opostas das que gostaríamos? Seria melhor se pudéssemos perceber o que a nós é verossímil. Assim seria possível evitar o absurdo a que chegamos: a inveja e ciúme da TV.

Cabeça nos eixos para produzirmos nossas próprias opiniões sem o auxílio dispensável de opiniões duvidosas colocadas pela mídia é um grande passo para o resultado que eu (“inocentemente”) proponho neste texto. É preciso nos lembrar de que as respostas a muitas das nossas perguntas nunca surgirão enquanto mantivermos nossa atenção no que não merece tanto.